Quem sou eu

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Psicóloga e Terapeuta Cognitiva Comportamental formada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/ USP. Especializada em Transtornos de Ansiedade. Passei a me interessar por distúrbios de ansiedade e desde então tenho me especializado no assunto, com o intuito de ajudar pessoas que assim como você, sofrem e paralisam suas vidas devido a esses transtornos. Aqui neste espaço você terá acesso a conteúdos relacionados a psicologia que podem lhe ajudar a compreender o que tem acontecido com você. Mas isso não substitui a ajuda médica e nem psicológica. Se você chegou até aqui, tenho certeza que acredita em si mesmo e esta procurando o seu caminho para a cura! E ele existe! Seja bem-vindo!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Os sete pilares da Autoestima

Por Prof. Chafic Jbeili
O primeiro pilar da autoestima: A consciência.

A autoestima está para a dinâmica psíquica tal qual o sistema imunológico está para o corpo. Da mesma forma como o corpo se protege dos ataques de agentes nocivos ao organismo, a qualidade do afeto e valor próprio que cada pessoa nutre sobre si mesma resguardará sua saúde mental, fortalecendo-a e preparando-a para as exigências biopsicossociais e espirituais, inerentes às suas vivências. Considera-se, portanto, como possuidora de saudável auto-estima a pessoa que demonstra confiar nas próprias idéias e aceita intimamente ser merecedora da felicidade. Estas convicções inspiram o comportamento das pessoas e as fazem parecer mais felizes e realizadas do que outras, mesmo não tendo tanto quanto as outras pessoas possam ter. O primeiro dos sete pilares da autoestima é a “atitude de viver conscientemente”. Viver conscientemente é a capacidade que cada pessoa desenvolve para estar o mais cônscia possível do espaço que ocupa, onde quer que esteja presente; estar o mais cônscia possível do papel que desempenha em seu momento mais imediato, e; determinar suas ações de acordo com estas percepções. Para os biólogos ela distingue o ser humano das demais espécies vivas. Para os médicos ela é um importante sinal vital do cérebro. Para os filósofos é um dos mais nobres atributos existenciais que o ser humano possui. Para religiosos e espiritualistas ela é interpretada como a própria iluminação. Para os cientistas da mente ela é questão imprescindível para saúde mental. Para a psicanálise é o remédio das neuroses. Toda pessoa é muito mais capaz, inteligente e brilhante do que imagina ser, e a consciência é a mais verídica, confiável e justa prova desta irrefutável verdade. A pessoa que vive conscientemente percebe a força de suas palavras, de suas ações. Percebe quão firme ou frouxo é o seu aperto de mão; quão intenso ou vazio é o seu olhar; quão focada ou dispersa está a sua atenção. A pessoa que vive conscientemente põe tudo que é no mínimo que faz. Envolve-se com sua dinâmica pessoal e com seus afazeres. Percebe-se a maior parte do tempo e, por isto, tem condições de regozijar com seus acertos e aprimorar aquilo que acredita possa melhorar, independentemente das críticas que recebe, tanto as positivas e construtivas quanto as nocivas e depreciativas, pois está com seu sistema imunológico mental fortalecido. 


O segundo pilar da autoestima: a autoaceitação.

A atitude da autoaceitação começa quando a pessoa reconhece em si a antagônica condição humana, posto que é imperfeita apesar de fascinante; ignorante apesar de estudada; aprendente apesar de docente; confiante apesar de traída; cansada apesar de determinada; ingênua apesar de inteligente; errante apesar de assertiva, enfim, todos somos tudo e também somos nada. É a atitude da pessoa que dirá quem ela é, apesar do tempo, do lugar, das pessoas e das circunstâncias.   

O terceiro pilar da autoestima: A autoresponsabilidade.

Chamar a responsabilidade para si não é apenas uma questão ética e moral, mas uma questão de autoestima, pois segundo o Dr. Nathaniel Branden, toda pessoa precisa em algum momento experimentar exercer e vivenciar qualquer controle sobre sua vida, só assim poderá sentir-se competente e merecedora da felicidade. 
O quarto pilar da autoestima: A atitude da auto-afirmação. O princípio da autoafirmação é a disposição que a pessoa tem para tratar a si própria com respeito em todos os seus contatos diários e relacionamentos. Não se vê necessidade o uso e aplicação indiscriminada de comportamento agressivo para defender as próprias convicções. Não se trata apenas de uma possibilidade, mas de um direito universal que deve ser reconhecido pela própria pessoa.


O quinto pilar da autoestima: A intencionalidade.

Viver de propósito e com propósito é a argamassa do quinto pilar da autoestima. é preciso que cada pessoa estabeleça metas (curto prazo) e objetivos (médio e longo prazos) para qualquer coisa que pretenda realizar/conquistar na vida, seja lá em que área for. Não são poucas as pessoas que vivem sem a importante atitude da intencionalidade. Geralmente são aquelas pessoas que respondem a um convite com o seguinte chavão: Eu não tenho tempo!”Ou estão entregues ao acaso e por isto não têm disciplina sobre o próprio tempo ou estão mentindo quando na verdade poderiam simplesmente dizer “obrigado pelo convite, mas não quero ir” ou “Tenho outro compromisso nesta data” ou coisas assim.

O sexto pilar da autoestima: A integridade pessoal.

Sabe-se que a falta de integridade é tão ou mais nociva do que qualquer censura ou rejeição externa, pois contamina intensamente o senso de self. Pode-se evitar uma pessoa que está sempre nos humilhando e ofendendo, mas dificilmente se pode evitar a si mesmo em veladas sessões de autocensura. Por isto acredito que o pior dos verdugos seja a própria consciência.


O sétimo pilar da autoestima: O amor!

Tanto no âmbito religioso-espiritual, filosófico ou psicanalítico o emprego da palavra amor e suas variações semânticas sugerem tratar de uma força sem limites, intangível, venerável e poderosa ao ponto de fortalecer, revigorar e gerar vida. Em outras palavras, o amor é como as turbinas de um avião ou o motor de um carro. Sem eles nem um nem outro poderiam sair do estado estático. É neste sentido que o amor se aplica a autoestima como sétimo pilar, pois sem esta força propulsora nada nem ninguém poderão mover-se e muito menos transformar-se. Nenhum dos outros seis pilares poderiam se efetivar sem o sétimo. Só o impulso de vida – amor – é que pode fazer uma pessoa mudar de idéia, se arrumar, tomar atitudes mais condizentes com o autorespeito, a autoafirmação, a integridade pessoal, a prosperidade e a melhora pessoal em todos os sentidos aplicáveis.
Não se pode ver o amor, mas pode-se percebê-lo atuante quando as pessoas são compelidas a mudar e a fazer mudar qualquer coisa ou pessoa para um estado melhor, mais bem aprimorado. A melhor referência teórica de amor que eu conheço está no primeiro livro que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios, registrado no Capítulo 13, versos 1 a 8 das Escrituras Sagradas crista, como se segue:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha[...]”.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Transtorno Explosivo da Personalidade

Na  o Transtorno Explosivo da Personalidade aparece como Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável e no DSM.IV como Transtorno Explosivo Intermitente.
Alguns autores preferem denominar esse tipo de personalidade como Síndrome de Descontrole Episódico. Aqui, a característica marcante é a tendência para agir impulsivamente e desprezando as eventuais conseqüências do ato impulsivo, junto com esse tipo de comportamento existe instabilidade afetiva. É um transtorno que se caracteriza por episódios de completo fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em agressões ou destruição de propriedades.
Os freqüentes acessos de raiva podem levar à violência ou a explosões comportamentais e tais crises podem ser agravadas quando essas atitudes impulsivas são criticadas ou impedidas pelos outros. A agressão neste transtorno de personalidade pode ser física ou verbal, mas elas sempre fogem ao controle. Por outro lado tais pessoas não têm conduta anti-social e, pelo contrário, fora das crises são simpáticas, bem falantes, sociáveis e educadas. São constantes também o extremo sarcasmo, a ironia, explosões verbais e, algumas vezes, implicância e persistente amargura.
Alguns autores denominam esse tipo de transtorno da personalidade como passivo-agressiva, tendo em vista alguns traços encontradiços nas pessoas explosivas . Um desses traços é a tendência à procrastinação, isto é, ao adiamento da realização daquilo que precisa ser feito. Diante dessa característica os prazos costumam não ser cumpridos.

As pessoas com esse tipo de transtorno da personalidade reagem agressivamente diante das frustrações, as quais levam ao desencadeamento de um impulso cujo objetivo é o de ferir alguma pessoa ou algum objeto. Não é raro que descarreguem sua ira em aparelhos eletrônicos ou outros objetos inanimados tomando-os como se tivessem vida própria.
A extrema sensibilidade aos aborrecimentos causados pelos pequenos estímulos ambientais produz, nos explosivos, respostas de súbita violência e incontida agressividade. Normalmente chamamos estas pessoas de pavio-curto ou de cinco-minutos. Estes episódios de explosividade geralmente são seguidos de arrependimentos ou auto-reprovação, os quais são capazes de produzir variados graus de depressão, como uma espécie de ressaca moral pelos procedimentos cometidos.
Este tipo de transtorno de personalidade pode ser causa de homicídios não planejados, ataques sem sentido a pessoas estranhas, agressões físicas desproporcionais, direção criminosa de veículos, destruição brutal de propriedades e ataques selvagens a animais. Mesmo fora das crises de agressividade essas pessoas costumam ser ressentidas e muito críticas, tendendo mais para a querelância do que para a convivência harmônica. Um cuidado especial diante desse tipo de transtorno da personalidade é quanto ao uso de bebidas alcoólicas. Há aqui uma propensão ao desenvolvimento de “embriaguez patológica” mesmo após a ingestão de pequena quantidade de álcool.

Denomina-se embriaguez patológica um quadro onde ocorre súbita alteração da personalidade depois da ingestão de álcool, transformando totalmente a pessoa. Nestes episódios de embriaguez patológica a pessoa fica possuída por grande furor, agindo inconseqüentemente e de forma muito agressiva, quer contra pessoas, quer contra objetos. Depois de passado o episódio é comum a pessoa não ter uma lembrança nítida do que aconteceu. Para essas pessoas as bebidas alcoólicas devem ser definitivamente abolidas, tendo em vista os graves riscos à própria pessoa e a terceiros.
Há hipóteses segundo as quais todo ser humano tem algum potencial agressivo, entretanto, a maioria deles tem também, em contrapartida, um mecanismo inibitório dessa agressão. Assim, a pessoa com personalidade explosiva teria inibições muito baixas ou ineficientes para conter o potencial agressivo.
O grau de agressividade manifestada pelas pessoas com transtorno explosivo da personalidade durante os episódios agudos é amplamente desproporcional ao estímulo desencadeante. Tais crises normalmente acarretam atos violentos ou destruição de propriedades. A agressão neste tipo de transtorno de personalidade pode ser física ou verbal, porém, as explosões sempre fogem ao controle. Quando há envolvimento policial durante uma crise de agressividade na embriagues patológica, a pessoa agressiva corre sério risco de sofrer severas conseqüências por não conseguir controlar suas atitudes.
Apesar das crises de furor, as pessoas com transtorno explosivo da personalidade não têm conduta anti-social ou sociopática, pelo contrário, fora das crises são simpáticas, bem falantes, sociáveis, de boa índole e educadas. São constantes nelas também o extremo sarcasmo, ironia e críticas ácidas. De um modo geral, felizmente, a expressiva maioria das pessoas portadoras desse transtorno não chega a agressividade extrema, a ponto de provocar homicídios. Atualmente adota-se a classificação onde o transtorno explosivo da personalidade, chamado explosivo intermitente pelo DSM.IV, está incluído dentro dos transtornos do controle dos impulsos (Quadro 1).
Quadro 1 - Os cinco principais transtornos do controle dos impulsos
Transtorno Explosivo Intermitente Episódios de fracasso em controlar impulsos agressivos, resultando em agressões ou destruição de propriedades.

Cleptomania Fracassos recorrentes em resistir a impulsos de furtar objetos desnecessários para uso pessoal ou destituídos de valor monetário.

Piromania Fracasso em controlar o impulso incendiário, cujo comportamento de faz  por prazer, gratificação ou alívio de ansiedade.

Jogo Patológico Incapacidade persistente e recorrente em resistir ao impulso para jogos de azar e apostas.

Tricotilomania Impossibilidade em controlar o impulso de arrancar os pelos do próprio corpo, ocasionando falhas perceptíveis.

Esse transtorno costuma ter sérias conseqüências sociais e familiares, tais como a perda do emprego, suspensão escolar, divórcio, dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes variados e em especial os de trânsito, hospitalizações e envolvimentos policiais. Nos casos mais característicos pode haver alterações eletroencefalográficas inespecíficas, como por exemplo, lentificação da atividade difusa ou, predominantemente no lobo frontal.
Sempre houve na psiquiatria uma linha de pesquisa tentando relacionar esse tipo de transtorno da personalidade a alguma alteração estrutural ou funcional do Sistema Nervoso Central. De fato parece haver alguma evidência sugerindo que as lesões focais irritativas (foco eletricamente irritativo), particularmente nos lobos temporal e frontal, estariam relacionadas ao potencial explosivo-agressivo. Esses casos respondem muito bem ao tratamento com estabilizadores do humor anticonvulsivantes.
O DSM-IV cita como possibilidade para uma das causas (ou apenas concomitância) ao transtorno explosivo da personalidade, certas condições neurológicas, como por exemplo, traumatismos cranianos e episódios de inconsciência ou convulsões febris na infância. Imagens funcionais obtidas por PET (tomografia por emissão de pósitrons) têm sido usadas para investigar possíveis alterações na função do cérebro das pessoas portadoras de distúrbios caracterizados por excessiva violência e agressividade.
Algumas pesquisas nessa área têm mostrado porcentagem alta de um nível diminuído do funcionamento cerebral no córtex pré-frontal em pessoas violentas em relação às pessoas normais. Isso pode ser um indício de algum déficit neurológico relacionado à violência. O dano funcional no córtex pré-frontal pode resultar em impulsividade, perda do autocontrole, imaturidade, emotividade alterada e incapacidade para modificar o comportamento, o que pode facilitar os atos agressivos.
De qualquer forma, tendo ou não uma correspondência neurológica, a pessoa com transtorno explosivo da personalidade sabe perfeitamente a natureza de seu ato agressivo. Nos casos de embriaguês patológica, embora depois do episódio a pessoa não tenha uma lembrança nítida do que aconteceu, ela sabe perfeitamente dos efeitos desastrosos do álcool em seu psiquismo, sabe também que deve evitá-lo a qualquer custo, sendo de seu arbítrio o ato de usá-lo.
Não são todas as pessoas explosivas portadoras do transtorno explosivo da personalidade. Muitas outras situações e circunstâncias podem resultar em uma baixa tolerância às frustrações, como por exemplo, o ciúme exagerado, estados de estresse (ou “esgotamento”), autoestima baixa e insegurança alta, e assim por diante.
Para o diagnóstico do transtorno explosivo da personalidade é necessário que o tipo de comportamento explosivo, irritável e pouca consideração para com as conseqüências do ato agressivo seja bastante duradouro, que se manifeste em vários contextos vivenciais e, eventualmente, piora muito com o uso de álcool.

Fonte: Consultório da Mente 


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

As 3 fases de um relacionamento tóxico

As 3 fases de um relacionamento tóxico


O PRÍNCIPE ENCANTADO – FASE DA IDEALIZAÇÃO

Idealização, Desvalorização e Descarte: as três palavras mais terríveis para qualquer um que já tenha se envolvido no ciclo de uma relação com um sociopata narcisista ou antissocial.
No início de seu relacionamento ele era tudo o que você sempre quis? O príncipe encantado com quem um dia você sonhou e quando acordou, lá estava ele aos seus pés? Aposto que ele era. Era todo carinho e adoração? Sua atenção, seu tempo, seu interesse, tudo para era você? As surpresas inesperadas, os elogios constantes que faziam com que você se sentisse linda e muito especial? Ele parecia genuinamente ouvir o que você tinha a dizer? Horas conversando… e de repente, você achou sua alma gêmea, seu melhor amigo e o amante mais cuidadoso? Tenho certeza que sim!
Os sociopatas narcisistas e antissocias são mestres absolutos do charme e manipulação. Eles têm a incrível capacidade de ser exatamente o reflexo daquilo que você deseja, quer e precisa. Mas não se engane, o sociopata não se importa com você. Nada daquilo que você vê é real. É tudo desenhado para a conveniência dele e para que ele consiga adentrar suas defesas, limites e espaço pessoal, tomando o controle de seu tempo, de sua atenção, de sua vida. Esse sonho tem um prazo de duração e quem determina esse prazo é ele.
No início do relacionamento com um sociopata, todas as emoções normais de euforia que se sente quando se inicia um novo relacionamento estão lá. No entanto, ainda que tudo esteja perfeito, tem sempre algo estranho sobre ele que não se encaixa, que você não entende bem o que, mas decide ignorar para continuar vivendo o sonho. 
Uma vez que o sociopata percebe que você pode ser uma fonte viável de suprimento narcísico, investirá em você tão rápido, tão alto e com tanta força que você não vai saber o que a atingiu. Você mal acreditará quanto esta pessoa parece estar apaixonada por você. Seu charme e constante afeto não são como nada que você já tenha experimentado antes. Ele realmente parece bom demais para ser verdade…
A idealização é a primeira fase neste ciclo surreal constante que é a relação com sociopatas. É a “fase do pedestal “, isto é, você é posta na posição de uma deusa, e ele parece tão sincero, faz com que você se sinta tão bem e produza tantas daquelas endorfinas da paixão, que logo você fica dependente . Ele demanda seu cuidado e atenção constantes, despertando em você a empatia e seu lado maternal.



Nessa fase ele moveria montanhas para sua felicidade. Ele ama tudo sobre você e faz questão que você saiba disso. O contato com você é constante. Faz planos, quer te ver, ouvir sua voz mesmo que seja para um simples “oi”. “Desfila” com você para os amigos e quem sabe até para sua família, como se você fosse um troféu do qual ele está orgulhoso. E você lá, deslumbrada com toda essa atenção que nunca recebeu de ninguém. Por ele, você começa a dizer a si mesma que tudo vale a pena e… logo colocará isso em prática…
Vocês se conhecem há pouco tempo, mas já parece anos. Tudo se move rápido com ele. É comum o sociopata falar rapidamente de casamento, filhos e tudo que ele, estudando você, saiba que você quer ouvir. Como são irresponsáveis, inconsequentes e não sentem qualquer culpa ou remorso, dirão essas coisas mesmo sem nenhuma intenção de concretizá-las. Ainda que cheguem a concretizar algo, viram as costas para essas coisas sem nenhuma cerimônia. Mas isso só acontece mais tarde…quando já atingiram todos os seus objetivos obscuros.
Na fase da idealização estamos só no começo. Nessa fase parece que ele não se cansa de você, certo? Errado! Ele pode e ele vai se cansar. Logo. Uma vez que o narcisista percebe que a “comida dele está no anzol”, ele começa a enrolar a linha para trazer sua presa para suas mãos. E é aqui que começa o verdadeiro pesadelo.

PRÍNCIPE OU SAPO? – FASE DA DESVALORIZAÇÃO

Desvalorização é a segunda fase do ciclo que compõe a relação com sociopatas, em especial, o narcisista . Eu, pessoalmente, não estou bem certa de qual fase é pior, a desvalorização ou o descarte. Ambas são terríveis. 
Agora que você está viciada em toda a atenção, romantismo e bombardeamento amoroso que vêm em sua direção com grande intensidade e rapidez na fase da IDEALIZAÇÃO prepare-se porque é hora de conhecer o homem (ou a mulher) com quem você está realmente.
O narcisista tem dois métodos para fazer o outro se sentir abaixo de zero: ele pode destruir de forma rápida e brusca o pedestal sob seus pés, desaparecendo no nada como se você nunca tivesse existido, sem dar a mínima explicação e comodamente reaparecer como se nada fosse ou…fazer isso de forma lenta, insidiosa e cruel. É quando escolhe esta segunda técnica de desvalorização que ele mina sua autoestima, corrói sua identidade, desdenha de seus sonhos e conquistas, aponta de forma cruel seus defeitos, isola-a do mundo acusando a todos, levanta contra você suspeitas daquilo que você não fez, alterna sua cara amarrada e mal humor com pequenos gestos de doçura (de modo que não perca o controle sobre você), enfim, lhe faz provar um doce-amargo constante e infernal, de modo que você passa a ter diante de si alguém que você “ama”, mas que estranhamente lhe entristece a maior parte do tempo. 
Ele fará isso com tudo o que ele tem em seu arsenal. Seu arsenal é bem abastecido. Abastecido com seu ódio, raiva e incapacidade de assumir a responsabilidade por qualquer de suas ações ou receios. Sempre com raiva, busca culpar qualquer um além de si mesmo por tudo que não dá certo ou que lhe desagrada. Ele nunca fez nada. Ele é a vítima. Não importa quanto você o venere, obedeça, ceda ou concorde, você sempre fez algo terrível que “o magoou profundamente e que justifica os seus mau tratos”… 
Pesquisas mostram que a maior parte dos narcisistas desenvolvem seu transtorno no início da adolescência e também na infância, quando não conseguem desenvolver bem o superego. Muitas vezes, é um resultado direto de abuso ou negligência. Outras, resultado de uma vida sem limites por parte dos cuidadores. Principalmente, se não quase sempre, por parte da mãe. 
Mas, pare! Eu sei no que você está pensando: Não, você NÃO pode ajudá-lo. Quem se envolve com alguém assim precisa de mais ajuda do que ele. Você não pode ajudá-lo pelo simples motivo que ele não acredita que haja algo errado com ele. O problema “está com você”. No final você será difamada como louca, perseguidora, fútil, interesseira, etc. Você será que na verdade ele é e por isso projetará TUDO em você.
Na verdade, o narcisista é um grande impostor que projeta uma imagem charmosa e perfeita. Mas sua incapacidade de manter a máscara, permite que você enxergue rapidamente ver quem ele realmente é. E se você não ignorar seus instintos, é claro…
Sua própria turbulência interna , baixa autoestima (ao contrário da crença popular, narcisista não têm a autoestima elevada que mostra ao mundo ) e medo de abandono, faz com que o narcisista abandone as pessoas com grande facilidade. Isso não deixa de ser um mecanismo de defesa contra aquilo que no fundo, teme. Ah, e não, não adiante assegurar-lhe que você não vai abandoná-lo. Isso só vai enfurecê-lo, mostrar quanto você é submissa e fraca. Na verdade isso mostra que você tem para dar um amor que ele não tem e isso faz com ele se sinta inferior e inadequado. Não é o seu abandono que ele teme. É o da mãe (que está no passado, mas que o assombra) e isso, você não pode mudar. Não, nem mesmo com todo o amor do mundo. Na verdade, sua busca é receber amor de seu objeto primário (a mãe), o que nunca ocorrerá porque o tempo em que essa ferida se abriu está lá na infância, impossível de se resgatar na fase adulta quando se trata de narcisistas e antissociais.
Na fase de desvalorização, o que ele antes achava incrível sobre você agora se torna veneno. Assim, lançará farpas sobre você sem nenhuma razão aparente. É o momento de destruir em você tudo o que ele admira e que sabe não possuir. Isso faz imensa confusão na cabeça das vítimas. Elas são incapazes de compreender por quê isso acontece . Como você poderia ser amado num minuto e tão ferozmente detestado no próximo?
É nessa fase que o narcisista vai usar tudo o que você confidenciou-lhe, contra você. Lembre-se: o narcisista é um predador e sua presa é bem dimensionada na fase de idealização . Todo o tempo que ele escutou você tão atentamente, espremendo mais e mais informações sobre a sua vida, seu passado e seus objetivos atuais e futuros…lamento em informar: ele estava apenas observando, estudando você… e essa pesquisa culminará com a sua destruição final e devastadora, basta você permitir.
Ele passa a criticar tudo sobre você , desde a maneira de olhar, rir , dormir, comer, se vestir, se relacionar com os outros, sua família, seus amigos, tudo será alvo de críticas. Críticas abertas ou veladas. Algumas vezes escrachadas outras travestidas de “eu só estava brincando”… Ele pode vir a público e criticá-lo severamente ou pode fazê-lo muito sorrateiramente, tentando disfarçar como se ele só quisesse ajudar… Ele não ajuda e não ajudará jamais. Jamais será o companheiro que você sonhou. 
Se você for do tipo questionadora, que capta quando há maldade, ele vai devolver para você com sua especialidade: o tratamento silencioso. Uma agressividade passiva, um “silêncio ensurdecedor” que acusa você sem sequer uma palavra. É um de seus métodos mais cruéis e mais utilizados contra suas vítimas mais inteligentes e questionadoras. Ele não consegue argumentar seu comportamento completamente desequilibrado então fica calado, castigando, insinuando que você está tão errada que não vale a pena nem dirigir-lhe a palavra! Diga lá: São mestres ou não em manipulação?
Aos poucos o narcisista separa-se emocionalmente de você. Isso faz com que você se pergunte o que fez de errado e inicie uma maratona para “compensá-lo” e trazer a relação para a primeira fase. A resposta é mais distanciamento e indiferença. Ele sabe bem o que está fazendo. Passa a dar desculpas para gastar menos tempo com você, chegar tarde em casa, não aparecer, não dar sinal por dias. 


Nesta fase você terá pequenas pausas em que será bem tratada. Isso acontece quando ele percebe que você está se distanciando, andando com as próprias pernas, desligando-se do abuso. Ele não quer que você se vá antes que ele esteja pronto para descartá-la e, para evitar isso, vez ou outra se apresentará com a máscara do começo. E isso só causa mais confusão emocional, a não ser, é claro, que você já entenda com quem está lidando. Se já entende, esta é sua chance de cair fora antes de ser massacrada. Você será, basta esperar.
De repente, o seu trabalho torna-se engolir abuso, humilhações, abandono e choro . O que o narcisista está fazendo com você é a DESVALORIZAÇÃO propriamente dita. Ele faz isso porque é irremediavelmente machucado por dentro. Um verdadeiro zumbi moderno, vazio de outra coisa senão instintos mais primitivos e gratificações instantâneas. Ele faz isso porque realmente não está disposto a fazer tudo o que é necessário para manter seu suprimento narcísico (você). Ele precisa de suprimento narcísico (atenção, dedicação, adoração, subserviência, sexo, etc) como uma droga. Ele quer agora e não quer trabalhar por isso. Ele sabe disso e se ressente.
O narcisista se cansa muito facilmente e, como qualquer viciado em drogas, precisa de mais e mais a cada vez para manter “seu barato”. Quando a euforia sentida no início de qualquer relacionamento acaba, uma vez que está provado que surge de substâncias químicas no cérebro, ele simplesmente se entedia e se enfurece. Sabe que o problema está com ele, mas projetará culpas imaginárias sobre você para não ter que lidar com sua superficialidade, além ter uma desculpa para partir para a próxima vítima que lhe dê suprimento novo, sem parecer o vilão da história.
As pessoas saudáveis, durante a química da paixão, podem desenvolver outras ligações, respeito pelos limites do outro e outros sentimentos que criam laços mais profundos, substituindo a paixão química. Há desenvolvimento de uma relação saudável onde ambos mantêm sua autonomia como indivíduos. Então esqueça: Você jamais terá isso com um narcisista patológico. Ele não permitirá que tais laços se estabeleçam. Ele olha para as pessoas nesses relacionamentos como fracos, submissos ou patéticos. Isso ocorre porque alguns estágios emocionais e de desenvolvimento do narcisista foram atrofiados na infância ou adolescência por algum evento traumático, ainda que esse trauma seja uma mera percepção dele de um determinado fato. É claro que nem todo mundo que experimenta traumas de infância desenvolve Transtorno de Personalidade Narcisista. 
Então acredite, na desvalorização o que ele deseja é destruir sua mente, seu brilho, sua energia vital, pelo simples fato de que ele se ressente de sua dependência por você, e é através da desvalorização que ele conseguirá colocá-la na posição de dependente, de modo a sentir-se um pouco melhor. Quem chegou a esse ponto deve preparar-se para o golpe final: O DESCARTE

DO CASTELO À LATA DO LIXO – FASE DO DESCARTE

O DESCARTE é a terceira e última fase da experiência traumatizante e dolorosa que é o encontro com um sociopata narcisista. Prepare-se, pois é nessa fase que você vai vê-lo completamente sem máscara, numa versão diabólica que você nunca pensou em associar àquele anjo imaculado que você conheceu e que lhe deu tanta lição de moral e bons costumes ao longo de toda relação.
Quando ele tiver rasgado você ao meio e arrastado seus pedaços para as profundezas do inferno com suas agressões verbais, sua humilhações, suas mentiras, traições, inversões, projeções e, em muitos casos, atos de violência física , ele vai descartar você. 
Assim que ele tiver sugado por completo sua energia vital, deixando-a esvaziada de alegria de viver, autoestima, amor próprio, autorrespeito e dignidade, ele vai jogá-la fora com crueldade e sangue frio. Simples assim, como se você um pedaço de papel sujo. Papel higiênico que ele usou para se livrar de sua sujeira, constantemente projetada sobre você. Só então ele estará pronto para descartá-la.
Durante a fase de desvalorização, a vítima tenta incansavelmente descobrir o que fez de errado para que seu parceiro tão perfeito do início se voltasse contra ela de forma tão furiosa. Ao longo da fase de desvalorização, o sociopata deixa bem claro que tudo foi culpa sua. TUDO. Ao final, a vítima está cansada, reprimida, deprimida e oprimida. A este ponto provavelmente já se tornou tão isolada que tem pouca ou nenhuma vida social. Enquanto ele a encantava com carinho e atenção ímpar, sorrateiramente exigia seu afastamento dos hobbies, amigos, familiares e colegas. Ora mantendo-a ocupada (e distraída) com atenção constante, ora castigando-a com mau humor e tratamento silencioso de modo que, aos poucos, você começa a evitar as condutas que desagradam o parceiro “tão apaixonado”.
Em um piscar de olhos você está distante de tudo e de todos que possam ser para o sociopata uma ameaça. Qualquer coisa que receba seu carinho e atenção, não é bom para você e, logo, deve ser eliminado. Sua vida e interesses devem ser dedicados exclusivamente a ele. Ele nunca diz isso abertamente. Conduz sua vítima a isso, através de manipulações, vitimizações, acusações e mentiras. E assim foi, sem você perceber.
O sociopata consegue isolar e degradar a identidade e autoestima da vítima para igualar à sua. Esvaziada, de joelhos, completamente perdida e sem vida própria, a vítima já não tem para fornecer qualquer suprimento narcísico (adoração, atenção, sexo, presentes, etc) e aí chega o momento em que ele vai descartá-la sem olhar para trás, como se nunca tivesse existido. Aquele amor eterno prometido, os planos grandiosos para o futuro, tudo se perde no nada. É como se nunca tivesse acontecido e a naturalidade com a qual ele faz isso vai deixá-la confusa, machucada, humilhada e sem vontade de acordar de manhã. Mas escreva minhas palavras: Ele nunca vai deixá-la a menos que já tenha garantido uma nova fonte de suprimento narcísico. Leia de novo. NUNCA. Pode não ser uma amante. Pode ser qualquer coisa (carro novo, consumismo, viagens, etc), novos amigos, velhos amigos, ex, qualquer coisa que naquele momento o sociopata narcisista perceba ser uma maior ou melhor fonte de suprimento narcísico
Incapaz de viver luto por perdas e de passar períodos sozinho, ele está sempre à procura de uma melhor “alimentação”. Sempre. Ao afastar-se e observá-lo de longe, você se verá diante de alguém promíscuo, que troca de parceiro com a naturalidade de quem troca de roupas. Você testemunhará futilidades absurdas em seus costumes consumistas. Você ouvirá mentiras a seu respeito. Você se encontrará muitas vezes perguntando: “quem é essa pessoa?” “como pode ser a mesma que um dia me fez tão feliz?”. Não se torture mais. Você conheceu um ilusionista talentoso que não conhece escrúpulos nem limites para tirar de suas vítimas o que mais lhe convém, ainda que para isso tenha que lhe prometer, sem nenhum pudor, um mundo maravilhoso e cor de rosa que, de repente, se transforma num lugar frio, tenebroso e escuro, onde você não significada NADA.
O sociopata narcisista é oportunista na essência. Quando o tempo com você não for mais conveniente ou não servir mais aos seus propósitos, ele dará seu golpe final e desaparecerá. Se seu contato era telefônico, não atenderá mais. Se você insistir de outro número em busca desesperada por uma razão de tudo aquilo, vai humilhá-la da pior forma possível ou simplesmente dizer que você ligou para o número errado!
Se ele mora com você, vai arrumar as malas e sumir, quer dando-lhe o tratamento do silêncio, quer tendo um ataque de fúria (por culpa sua, é claro) ou com um “combo” de desvalorização mortal, no qual juntará todas as suas técnicas de descarte e soltará sobre sua cabeça como uma pedra gigantesca que vai te esmagar como a uma formiga. Seja como for, ele vai sair de sua vida, sem encerramento, sem explicação, sem nada, deixando para você apenas dúvidas, culpa e muita dor.
E não se iluda, porque mesmo longe ele fará de tudo para sujar seu nome entre aqueles que conhecem o casal. As mentiras e histórias hollywoodianas protagonizadas pela vítima que era “louca” e que “não tinha vida própria” e que “o sufocava” serão contadas repetidas vezes e, não raro, conseguirão uma legião de simpatizantes que se compadecerão de seu “sofrimento”. 
Apesar de ser revoltante o sentimento de injustiça, o segredo é não reagir e aguardar. Como não conseguem manter máscaras por muito tempo, rapidamente suas ações passam a depor contra suas palavras e as pessoas, por si só, compreendem quem era a vítima e quem era o vilão. Reagir só vai fazer com que pareça que ele tem razão ao chamá-la de louca. Nesta fase é preciso focar em si e evitar contato com informações sobre essa pessoa que não tinha e jamais terá algo valioso para lhe oferecer. Seu encontro com ele foi uma fatalidade. Aprenda o que puder desta experiência e siga com dignidade. Não insista atrás de explicação e siga em frente, pois se você insistir, pode piorar e muito. A explicação é simples: você se envolveu com um transtornado mental. Ponto final.
Após o DESCARTE, se ele voltar (E ELE VAI VOLTAR) e você aceita-lo de volta, passada a lua de mel, você estará diante do ciclo LAVA, ENXÁGUA, USA, JOGA FORA E REPETE. Até quando ELE não quiser mais. Sim. Eles sempre voltam e o fazem por diversos motivos. Voltam essencialmente para ter certeza que ainda tem controle sobre suas vítimas. Voltam para machucar a vítima atual. Voltam porque têm certeza que você ainda os espera. Voltam porque são obcecados e veem suas vítimas como posse. Voltam porque perceberam que sua vida foi adiante sem eles e isso é inadmissível. Voltam porque ao vê-la melhor, percebem-na como fonte nova de suprimento e querem novamente sugá-la.
Se tiver sido você a deixá-lo, fará stalking, a perseguirá prometendo amor eterno, dizendo tudo aquilo que sabe que você deseja ouvir, falará de casamento, filhos e se apresentará em sua melhor versão. Será tudo o que você um dia sonhou. Ele voltará “mudado”. Graças a você ele “entendeu muitas coisas”. Mas se você me perguntar se neste momento ele merece uma segunda chance, lhe digo sem medo de errar: Aceitá-lo de volta é voltar à primeira fase sim, aquela maravilhosa da IDEALIZAÇÃO, mas sem esquecer que logo em seguida você deverá enfrentar a DESVALORIZAÇÃO e o DESCARTE, reinserindo-se num ciclo vicioso, mortal e sem fim do qual SOMENTE VOCÊ sairá prejudicada.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Resiliência e o controle da ansiedade

A ansiedade é um fator que sempre esteve presente na socidade, porém vem se tornando mais expressiva nas últimas décadas. Ela atinge qualquer idade e classe social, podemos ver crianças desenvolvendo o transtorno da ansiedade em sua fase escolar, como também adultos jovens e mais maduros em seus ambiente familiar e profissional.
Mas a ansiedade é um fator de risco em nossa vida?
Continue lendo esse post para entender a resposta da pergunta acima e saber mais sobre:
  • Uma visão geral sobre os transtornos ansiosos;
  • Entender melhor a definição de ansiedade;
  • Descobrir com a resiliência pode ajudar no controle da ansiedade

Visão geral dos transtornos ansiosos

Pesquisas norte-americanas mostram que o maior público que sofre de transtornos ansiosos (pânico, agorafobia, ansiedade generalizada e outros) são mulheres e jovens. Quando analisamos os dados com maior profundidade, é possível perceber que os jovens tendem a apresentar melhora dos transtornos antes de entrarem na vida adulta.
Já no Brasil, uma pesquisa feita em São Paulo, Brasília e Porto Alegre mostra que os transtornos de ansiedade estão em primeiro lugar entre os mais prevalentes diagnósticos psiquiátricos. Esse trabalho mostra que os transtornos ansiosos são, também, os que mais apresentam demanda potencial para os serviços de saúde.
Porém, ainda hoje, a maioria dos casos de transtorno de ansiedade não são reconhecidos ou diagnosticados, o que traz a falta de um tratamento apropriado.

Afinal, o que é ansiedade?

De acordo com o Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo (AMBAM), “ansiedade é uma vivência humana universal, dentro do expectro da normalidade, é proximamente associada à vivência de medo e de outros estados de ânimo e emocionais similares”.
Do ponto de vista emocional, a ansiedade pode ser considerado como um estado de alerta que prepara o indivíduo para algo que pode acontecer dentro do ambiente em que ele está inserido. Já pela visão fisiológica, é um estado do funcionamento cerebral. Esse funcionamento cria alertas que estão relacionados a percepção de contextos que podem ser considerados ameaçadores, que trazem perigo ou grau de ameaça.
A ansiedade é necessária para a sobrevivência do ser humano. Sem a ansiedade, não haveria um desenvolvimento adequado de nossa personalidade.
Há dois níveis de ansiedade, a adaptativa (normal) e a patológica (doentia). Dependendo do grau de ansiedade, ela pode gerar uma crise de pânico (aliada ao excesso de medo) por se tratar de uma resposta a uma forte ameaça, como citado anteriormente.
A AMBAM alerta que “como as alterações funcionais associadas à ansiedade têm como função aumentar nossa chance de sobrevivência ou sucesso IMEDIATO em um contexto ambiental específico, a reação pode ser vivenciada com desconforto que pode ser extremo e provocar consequências deletérias para a saúde a longo prazo (ex. doenças cardíacas)”.
A grande questão está em saber diferenciar quando está ocorrendo a ansiedade adaptativa e a patológica. Dependendo do nível, pode desencadear sofrimento e então é necessária ajuda médica.
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Resiliência e o controle da ansiedade

Como dito anteriormente, a ansiedade na medida certa é muito importante para a vida, pois ela nos ajuda a manter o alerta para as situações de perigo e ameaça por estar ligada a sobrevivência.
A resiliência também está ligada a sobrevivência e é um recurso para utilizarmos em situações de risco e vulnerabilidade. Quando temos a ansiedade adaptativa (normal) aliada a resiliência nos tornamos mais fortes na análise das ameaças que estão presentes no ambiente.
Um ponto importante a destacar é que, quanto maior for a ansiedade à nível patológico, menor se torna a nossa resiliência. Isto ocorre porque na medida que a ansiedade vai aumentando, as nossas crenças vão se tornando mais rígidas.
E nós sabemos que quanto mais rígidas se tornam as crenças, menos flexíveis ficamos diante das adversidades, menor a nossa resiliência.
Quando trabalhamos na ressignificação das nossas crenças para se tornarem menos rígidas e mais flexíveis, a resiliência pode auxiliar até mesmo no controle da ansiedade patológica. Quando as situações são vistas com muita intensidade para o pessimismo ou intolerância, a resiliência ajuda a rever tais crenças e traz um olhar mais equilibrado.
É claro que não estamos falando de todas as crenças, mas especificamente daquelas que estão ligadas a ansiedade e a resiliência.
Por exemplo, podemos trabalhar a análise do contexto. Essa área da vida tem forte conexão com a ansiedade. Quando desenvolvemos com equilíbrio a capacidade de analisar quais são as pistas presentes no ambiente e identificar os sinais para fazer uma leitura adequada dos riscos e fatores de proteção conseguimos diminuir o nosso nível de ansiedade, mantendo apenas aquele estado de alerta saudável.
Outro exemplo é a leitura corporal. Quando temos uma ansiedade rígida, perdemos a capacidade de nos atentar aos sinais que nosso corpo nos dá. Quanto mais atenção ao corpo, menor a ansiedade.
Se temos a consciência de nossa respiração, do tremor de nossas mãos, do aumento do suor, entre outros sinais, conseguimos perceber que determinadas situações alteram as reações de nosso corpo, e começamos a ter atitudes para controlar tais situações, o que nos leva a trabalhar também as crenças que estão ligadas aoautocontrole.
É claro que, como dito anteriormente, existem níveis de ansiedade que demandam a busca de um profissional da saúde e um tratamento mais intensivo. Mas a mudança do comportamento e das crenças também pode ser um alternativa para auxiliar no controle da ansiedade.
Se você ainda não conhece com profundidade o conceito da resiliência, aqui em nosso site nós temos diversos materiais educativos e que não possuem nenhum custo, basta apenas fazer o download. Para ter acesso, clique aqui!
E você, o que pensa sobre esse assunto?
Deixe o seu comentário e compartilhe a sua opinião com a gente. Até a próxima!

quinta-feira, 28 de julho de 2016

15 formas de acabar de vez com a ansiedade

A ansiedade é quase sempre associada a sensações negativas, como aflição e impaciência. Saiba como acabar de vez com este problema

Para viver mais tranquila, vale melhorar a alimentação, respirar com mais calma, mudar a decoração da casa, descobrir um novo passatempo... Confira as nossas dicas e acabe com a ansiedade
1. Tome duas xícaras de chá de flor-de-maracujá por dia. A bebida aumenta os níveis de ácido gama-aminobutírico, um neurotransmissor que relaxa.
2. Respire certo: a barriga (e não o tórax) deve estufar na inspiração. Assim, os batimentos cardíacos ficam mais lentos, a mente, oxigenada, e você, aliviada.
3. Corte o cafezinho. Cafeína acelera o sistema nervoso e deixa você ainda mais ansiosa.
4. Acrescente frutas, vegetais e cereais à dieta. A carência desses alimentos provoca insônia, estresse e palpitações no coração.
5. Inclua magnésio na alimentação. O mineral, presente em castanhas e amêndoas, é importante para o equilíbrio do corpo e da mente.
6. Caminhe prestando atenção em seus passos. É uma ótima forma de esvaziar a mente e se acalmar.
7. Coma mais feijão, ervilha e grão-de-bico: eles têm triptofano, substância que aumenta o bem-estar.
8. Vá dançar uma vez por semana. A prática ajuda a espairecer e descarrega as tensões acumuladas.
9. Treine a respiração alternada: tampe a narina direita e inspire pela esquerda. Depois, tampe a esquerda e solte o ar pela direta. Alterne as narinas.
10. Tente a cromoterapia. Dois minutos sob uma luz verde, a dez centímetros de distância do corpo, atuam como calmante no sistema circulatório.
11. Massageie as mãos com leite morno e mel por alguns minutos. A combinação é um ótimo calmante.
12. Faça um chá que acalma a mente. Escolha três destas ervas e coloque em infusão: tomilho, alecrim, mulungu, damiana, cidreira, artemísia e rosa branca.
13. Coma nozes ou castanhas de caju. Elas têm substâncias que diminuem a concentração de cortisol.
14. Use Florais de Bach. Tome duas gotas de Rescue a cada uma hora e meia até se sentir melhor.
15. Prepare um tranquilizante natural. Mergulhe meio maracujá em 1 litro de água e ferva por 5 minutos. Acrescente 1 col. (sopa) de alecrim, 1 de erva cidreira fresca e 1 de folhas de manjericão, espere 15 minutos e adoce com mel. Beba morno.
 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Compreender a ansiedade é uma forma de escapar de sua tirania

"Somos dominados pelo instinto de correr de um jaguar faminto, mas o que temos diante de nós, pode ser apenas um cachorro latindo"

A ansiedade pode ser entendida como um estado emocional aversivo, uma inquietação interna, uma preocupação exagerada com o futuro, acompanhada de sensações corporais como tontura, secura na boca, vazio no estômago, aperto no peito, batimentos cardíacos acelerados, suores, calafrios, tremores, formigamentos câimbras, urgência para urinar e cólicas abdominais.

O medo é uma reação a um perigo especifico. Medo e ansiedade são estados emocionais muito comuns. Tornam-se patológicos quando passam a ser disfuncionais, ou seja, a trazer prejuízos sociofuncionais e ou sofrimento importante para o indivíduo.
A titulo ilustrativo, só para termos uma ideia de prevalência, na maior capital do país, Andrade e colaboradorespublicaram um pesquisa em que apresenta a prevalência dos transtornos de ansiedade ao longo da vida na cidade de São Paulo de acordo com as definições da Classificação Internacional das Doenças (CID-10): qualquer transtorno de ansiedade 12,5%, fobia específica ou simples 4,8%, transtorno de ansiedade generalizada 4,2%, transtorno de estresse pós-traumático 4,2%, fobia social 3,5%, agorafobia 2,1% (grosso modo: medo de locais abertos), transtorno de pânico 1,6% e transtorno obsessivo-compulsivo 0,3%.
Eliminar completamente a ansiedade não é possível

Como podemos ver, a psicologia moderna aprendeu muito sobre a ansiedade nas últimas décadas. Hoje sabemos muito mais do que sabíamos sobre a origem da ansiedade, o modo como ela opera no cérebro e a natureza dos padrões comportamentais que ela gera. Tudo isso pode facilitar seu entendimento acerca do papel que a ansiedade desempenha em sua vida. E compreender esse papel é fundamental para superar a ansiedade, e não eliminá-la completamente, pois como veremos, tal meta não é realista. Mas todos nós aprendemos como controlá-la e impedi-la de ser uma força debilitante que restringe nossa saúde e liberdade. Compreender a ansiedade, em poucas palavras, é a maneira de escapar de sua tirania.
Ansiedade é parte de nossa herança biológica 

Robert Leahy (2009) em seu livro intitulado Anxiety Free nos ensina que a primeira coisa a entender acerca da ansiedade é que ela é parte de nossa herança biológica. Muito antes de qualquer registro da história humana, nossos ancestrais viviam em um mundo repleto de perigos que ameaçavam suas vidas: predadores, fome, plantas tóxicas, vizinhos hostis, alturas, doenças, afogamentos. Foi em face desses perigos que a psique (mente) humana evoluiu. As qualidades necessárias para evitar o perigo foram as qualidades desenvolvidas em nós pela evolução. Uma boa quantidade dessas qualidades dizia simplesmente respeito a formas diferentes de preocupação.

O medo tinha a função de proteger; tínhamos de estar atentos a muitas coisas para sobreviver. Essa cautela persiste em nossa formação psicológica sob a forma de nossas mais profundas aversões e fobias. Esses medos eram adaptativos - de fato, instintos de sobrevivência, provenientes de tempos primitivos.

O próximo ponto a entender é que, por não mais vivermos naquele mundo primitivo, os medos que trouxemos dele não são mais adaptativos. Graças, em grande parte, aos efeitos da linguagem e da civilização, os desafios que encontramos em nossas vidas são bastante diferentes daqueles que nossos ancestrais encontravam nas savanas ou nas florestas. Ainda assim, nossos cérebros continuam a funcionar como se nada tivesse mudado.

Somos dominados pelo instinto de correr de um jaguar faminto, mas o que temos diante de nós, pode ser apenas um cachorro latindo. Temos medo de tocar no prato que alguém usou, porque nossos ancestrais tinham uma saudável aversão à comida contaminada. Sentimo-nos patologicamente retraídos porque, em outra era, um estranho podia facilmente nos matar; até mesmo um membro de nossa própria tribo poderia nos causar algum mal se fosse ofendido. Quando se trata de nossos instintos mais profundos, agimos como se estivéssemos ainda na Idade da Pedra, enfrentando as mesmas condições de então.

Estamos, em poucas palavras, agindo de acordo com um conjunto de "regras" ultrapassadas. A evolução programou essas regras em nós como um meio de nos proteger de riscos. Tais regras são como uma espécie de software humano instalado em nossas cabeças - um software que tem milhões de anos. Todo instinto que temos nos diz que obedecer às regras nos manterá a salvo, quando talvez o contrário seja verdade. Nosso método de nos libertarmos da tirania - na verdade, reescrevê-las. Isso implicará o exame das crenças irracionais em que se baseiam tais regras, pois essas crenças, quando não questionadas, exercem uma influência oculta, mas enormemente poderosa, sobre nossos pensamentos e comportamentos.

Depois de questionarmos essas crenças, poderemos começar a revisar as regras que controlam a ansiedade, muito embora estejam profundamente enraizadas em nossa mente. Como conseguiremos fazer isso? Ocorre que a natureza, além de nos dar alguns instintos, também nos dá a capacidade - localizada, em sua maioria, em uma parte diferente de nossos cérebros, a parte que chamamos de racional - de modificar esses instintos com base em nossa experiência.
Chave para controlar a ansiedade: modificar os instintos com base nas experiências pessoais
Essa é a chave para tratar a ansiedade. Não é o mesmo que "ser racional" quanto aos nossos medos. Isso não funciona: saber que um determinado medo é irracional não o faz ir embora.
Entretanto, se pudermos de fato experimentar uma situação aparentemente perigosa repetidas vezes, mas sem consequências danosas, nossos cérebros aprenderão a ser mais racionais e menos apreensivos. Acontece a todo momento na vida: ao sairmos da sala de um cinema no escuro; quando um desconhecido em uma rua movimentada nos pergunta as horas ou esbarra em nós; assistir a um show em um parque público, e ouvirmos trovões ou vermos um raio.
Tudo o que é preciso é criar um programa em que possamos, regularmente, ter uma experiência que cause medo, mas em um contexto que nos ensine que estamos seguros. Assim, ao longo do tempo, aprenderemos a diminuir nossos medos.

Fontehttp://www2.uol.com.br/vyaestelar/compreenda_a_ansiedade_e_livre_se_dela.htm

terça-feira, 26 de julho de 2016

O Transtorno de Ansiedade Generalizada

Os Modelos Comportamentais da Ansiedade

As manifestações objetivas da ansiedade são inespecíficas, e comumente estão associadas a diversos estados emocionais, tais como medo, expectativa, ira, entre outros. Essas manifestações são as reações físicas sentidas pelas pessoas, dentre as quais se podem citar: sudorese, taquicardia, tremores, calafrios etc.
A ansiedade pode ser considerada normal ou patológica. Sendo assim, como diferenciar um estado normal de um patológico? Esta avaliação deve levar em consideração quatro aspectos: Intensidade; Duração; Interferência; e Freqüência com a qual ocorrem os sintomas. Caso sejam considerados desproporcionais, pode-se considerar a ansiedade patológica. Contudo, esta é uma decisão arbitrária e subjetiva de quem avalia. (GENTIL, 1997)
Desta forma, Gentil (1997) afirma que “somente podemos saber se alguém está ansioso por dedução, ou questionando e comparando sua resposta com nossa própria experiência e conceito de ansiedade”.
De acordo com o DSM IV (1994), os transtornos de ansiedade classificados são:
• Transtornos de pânico com agorafobia.
• Transtornos de pânico sem agorafobia.
• Transtorno obsessivo-compulsivo.
• Transtorno de estresse pós-compulsivo.
• Transtorno de estresse pós-traumático.
• Transtorno de ansiedade generalizada.
• Transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral.
• Transtorno de ansiedade induzida por substância.
• Transtorno de ansiedade não especificado.
• Agorafobia sem história de transtorno de pânico.
• Fobia específica.
• Fobia social.
Tanto a ansiedade quanto o medo possuem suas raízes nas reações de defesas. Neste sentido, quando uma pessoa se defronta com uma situação de perigo, que ameaça seu bem-estar ou sua sobrevivência, o organismo se prepara para enfrentar ou fugir. Quando esta ameaça é apenas potencial, ou seja, quando o indivíduo identifica a situação como a possibilidade de receber uma punição, entende-se esta resposta como ansiedade. Contudo quando o perigo é real, e a reação é desencadeada por estímulos bem definidos, tem-se o medo. (GRAEFF & BRANDÃO, 1999)
Até aqui foi feita uma diferenciação entre a ansiedade normal e patológica, e entre ansiedade e medo, mas como o modelo comportamental entende a ansiedade? Para entender a ansiedade no modelo comportamental, é necessário antes discutirmos alguns aspectos centrais dentro da análise do comportamento.
Um dos pontos mais importantes no modelo comportamental é a análise funcional. Skinner (1974) afirma que “as variáveis externas das quais o comportamento é uma função, dão margem ao que pode ser chamado de análise causal ou funcional. Tentamos prever e controlar o comportamento de um organismo individual”. Portanto, a análise funcional é a possibilidade de se descrever quais as variáveis que estão controlando o comportamento. Neste mesmo livro, Skinner comenta “uma formulação adequada da interação entre um organismo e seu ambiente deve sempre especificar três coisas: a ocasião em que a resposta ocorre; a própria resposta; e as conseqüências reforçadoras”. Isto significa fazer a análise da tríplice contingência, que tem como pressuposto básico a fórmula: S - R - C.
A importância da análise funcional se caracteriza pela possibilidade de o analista do comportamento conseguir identificar quais os estímulos que determinam a emissão de um determinado comportamento, assim como quais as conseqüências que mantêm este comportamento.
Neste sentido, Meyer (1997), afirma que a análise funcional é o instrumento básico de trabalho do analista de comportamento, pois possibilita identificar as contingências que estão operando um comportamento, assim como inferir quais as que operaram no passado. Estando com essas informações, pode-se propor ou criar novas relações de contingências que alterem os padrões de comportamento dos indivíduos. “Mudanças de comportamento só se dão quando ocorrem mudanças nas contingências”. (Meyer, 1997)
O comportamento das pessoas pode ser controlado pelas contingências ou por regras. Os comportamentos controlados pelas contingências são aqueles que estão associados ao ambiente, enquanto que os que são controlados pelas regras estão associados a regras que agem como “instrução” para o comportamento, por exemplo, “é proibido passar no farol vermelho”.
De acordo com Guedes (1997), o comportamento de seguir regras é instalado pela comunidade verbal, pois depende da cultura e dos valores sociais. Contudo, se os comportamentos governados por regras só ocorrem na presença destas, pode-se concluir que as regras não ensinam para a vida, ou seja, se as conseqüências naturais para tais comportamentos não aparecerem, eles deixarão de ser emitidos. Neste sentido pode-se dizer que os comportamentos governados pelas regras também dependem das contingências. Outro aspecto importante é o papel das emoções no modelo comportamental. As emoções são vistas como comportamentos encobertos, pois ocorrem sob a pele e o único que tem realmente acesso ao que acontece consigo, é o próprio sujeito (DELITTI E MEYER, 1995). Para Skinner (1974), os sentimentos e outros estados subjetivos não são causas de comportamentos observáveis, mas sim comportamentos e, portanto, devem ser analisados como tal.
Neste sentido, as emoções são vistas como conseqüências/respostas de uma situação anterior. Portanto, a ansiedade, vista como resposta emocional, deve ser entendida dentro de uma análise funcional, identificando quais as contingências que a mantém no repertório comportamental do indivíduo.
Conhecendo-se a função do comportamento ansioso no dia-a-dia do cliente, é possível alterar as contingências que operaram o comportamento ansioso e com isto promover mudança de comportamento.

Ansiedade Normal X Ansiedade Anormal

A ansiedade tem dois componentes: psicológicos e somáticos. O comportamento psicológico varia de individuo para individuo, e é fortemente influenciado pela personalidade e pelos mecanismos de enfrentamento. As manifestações somáticas podem ser mais sucintamente descritas pelo paciente e podem variar em estados de gravidade (comprometimentos físicos e psicológicos).
Outros fatores a serem considerados antes de fazer um diagnóstico são: idade, sexo, situação sócio-econômica, precipitadores culturais e modo de apresentação do paciente. Qualquer transtorno físico, por exemplo, o hipertireoidismo, que possa produzir sintomas similares deve ser descartado antes de se poder fazer um diagnóstico de um estado de ansiedade funcional.
As forças motivadoras são chamadas de impulsos. Os impulsos primários são os instintos biológicos; por exemplo: fome, sede, desejo sexual, evitamento da dor, etc. Os impulsos secundários são adquiridos através do aprendizado, e sua evolução é modulada por um sistema de recompensa e punição, um processo chamado reforço. A ansiedade é conceitualizada como um poderoso impulso secundário.
A ansiedade como um processo aprendido poderá desenvolver-se em torno de automóveis após um acidente automobilístico, por exemplo; além disso, uma vez iniciada por um determinado estimulo, a reação ansiosa poderia ser estendida para outros estímulos, através de dois mecanismos denominados: generalização e formação de pistas.
Através do mecanismo de generalização, o sujeito em questão poderia tornar-se ansioso acerca de todos os tipos de transporte, por causa de sua similaridade com o estímulo prejudicial original. Através do segundo mecanismo, de formação de pista, os objetos associados com o acidente, por exemplo: semáforos, carros de policia e ambulância; poderiam posteriormente induzir à ansiedade.
A generalização do estímulo e as formações de pistas são mecanismos adaptativos normais, que são subjacentes ao processo de aprendizado a partir da experiência, e são lapidados, rotineiramente, pela nossa capacidade para discriminar entre os estímulos. A ansiedade intensa prejudica a capacidade para discriminar e leva as generalizações e formatações de pistas excessivas e mal adaptadas.
Um outro aspecto crítico na definição do transtorno de ansiedade generalizada é a falta de uma correspondência entre um estimulo conhecido e o afeto de ansiedade. Entretanto, vários outros estudiosos sugeriram que múltiplas pistas em combinações variadas e complexas, por ex: luzes, ruídos, e mesmo a passagem do tempo, podem reforçar a ansiedade, portanto, tornar muito difícil a extinção da resposta comportamental.
A ansiedade é uma experiência comum a qualquer ser humano. Quem já não se sentiu apreensivo, com dor de cabeça, palpitação, respiração rápida, aperto no peito, desconforto abdominal ou inquietação? Em muitos casos a ansiedade é uma resposta adaptativa e positiva para diversos acontecimentos da nossa vida.
A ansiedade ocorre quando o individuo é confrontado com uma situação especifica, como exemplos: a) desempenho em público, b) o bebê se sente ameaçado com o afastamento dos pais. A ansiedade é um acompanhante normal do crescimento das mudanças, de experiências novas e inéditas, do encontro da própria identidade e do sentido da vida de uma pessoa.

Quando a Ansiedade Passa a Ser Anormal

Há três fatores a considerar ao fazer uma distinção entre ansiedade normal e ansiedade generalizada:
1 - Nível de ansiedade. Em muitas situações, é normal ter um nível de ansiedade, mas se a ansiedade ultrapassa os níveis normais, ela pode ser considerada anormal.
2 - A justificativa para a ansiedade. Ansiedade de qualquer nível seria considerada anormal se não houvesse uma justificativa realista para a ansiedade na situação. Pessoas com ansiedade generalizada interpretam uma situação como ameaçadora, tornando-se ansiosas, mas isto não justifica a ansiedade.
3 - A ansiedade é anormal se ela leva à conseqüências negativas. Por exemplo, ansiedade que conduz a mau desempenho no trabalho, retração social ou hipertensão (pressão sanguínea elevada), seria considerada anormal.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) tem como característica essencial uma ansiedade ou preocupação exagerada que pode abranger diversos eventos ou atividades de vida da pessoa por um período de pelo menos seis meses ou mais com sintomas somáticos.

Curso e Prognóstico

O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é crônico e flutuante com períodos de agravamento e remissão dos sintomas. Há na literatura alguns casos de pacientes com idade média de 40 anos que relatam história de quase 20 anos de sintomas ansiosos graves, e isso geralmente leva o paciente a sofrer com esse estado de ansiedade elevado durante anos. Sem o tratamento os sintomas não remitem. (Barlow, 1999)
O diagnóstico precoce, o tratamento psicoterápico e farmacológico por dois anos e ausência de co-morbidades são fatores de bom prognóstico, mas a longa duração, presença de quadros co-mórbidos, incluindo transtornos de personalidade e a dificuldade de seguir o tratamento, pioram o prognóstico. Abuso de drogas, quadros depressivos com risco de suicídio, dificuldades sociais e econômicas são complicações comuns no TAG.

Epidemiologia

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, a taxa de prevalência do TAG anual ocorre de 3 a 8%, ele é quatro vezes mais freqüente que o Transtorno de Pânico. O transtorno é diagnosticado mais em mulheres do que em homens, numa proporção de 2 para 1. Em um estudo 80% dos pacientes com TAG, tiveram ao menos um outro transtorno de ansiedade durante a vida, e 7% tiveram depressão maior.
Determinar a idade de inicio dos sintomas é difícil, porque a maioria não sabe quando isso ocorreu. Muitos relatam que sempre foram assim, relatam que talvez seu início ocorreu quando adolescentes ou adultos.
Nas clínicas americanas que trabalham com Transtorno de Ansiedade, 12% dos indivíduos é de (TAG), os pacientes chegam à atenção dos médicos por volta dos 20 anos, apenas 1/3 dos pacientes com (TAG) busca o tratamento psiquiátrico. Muitos procuram clínicos gerais, cardiologistas, pneumologistas em busca de um tratamento somático do transtorno.

Etiologia

A causa do TAG ainda hoje não é bem conhecida. Segundo os mais recentes estudos, o grupo afeta um grupo heterogêneo de pacientes, talvez porque certo grau de ansiedade seja normal e adaptativo, é difícil a diferença entre a ansiedade normal e patológica. (Barlow, 1999)

Fatores Biológicos

O TAG ocorre dentro de alguns padrões familiares, como: crescer no convívio de pais e irmãos ansiosos, que podem influenciar no desenvolvimento de um grau de ansiedade maior. Não há um, digamos, gene específico para TAG, talvez o que se herde é uma suscetibilidade para que o transtorno se desenvolva. Em uma família, sem história de transtorno de ansiedade, a chance de um dos membros ter o TAG é menor, em torno de 2%.

Tratamentos: Farmacológicos e Psicoterápicos.

I. O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO (Dados: Food and Drugs Administration – FDA).
- Benzodiazepínicos. Os benzodiazepínicos, principalmente o alprazolam, são utilizados no tratamento farmacológico de escolha para transtornos de ansiedade generalizada. Sua notável segurança e eficácia estabelecida representam um avanço importante nesta área particularmente difícil da terapêutica.
- Buspirona. A buspirona é um agente ansiolítico azaspirona, cuja eficácia foi efetivamente demonstrada em vários estudos. A vantagem relatada, sobre outros benzodiazepínicos, é a ausência de dependência física, adicção, síndrome de abstinência, abuso, e interação com o álcool.
- Betabloqueadores. Os sintomas autonômicos associados com ansiedade são funções da atividade simpática beta-adrenérgica. A consciência subjetiva desses sintomas (por ex., palpitações) foi implicada na indução e exacerbação da ansiedade. Neste contexto, o uso do propranolol, um agente beta-bloqueador periférico, que reduz os sintomas autonômicos, foi proposta.
II.   O TRATAMENTO PSICOTERÁPICO
A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL.
Pacientes ansiosos e deprimidos geralmente têm pensamentos negativos e irrealistas sobre si mesmos e sobre seu ambiente. Esses esquemas mentais têm sido descritos como uma tríade consistindo de autopercepção negativa, vivência do ambiente como negativo e punitivo e expectativas negativas quanto ao futuro. A terapia cognitiva é um processo de curto prazo e altamente estruturado, no qual o terapeuta exerce um papel didático, estabelecendo agendas e distribuindo tarefas para serem realizadas em casa e incentivando a automonitoria cognitiva. O objetivo é identificar suposições mal-adaptativas, analisar sua validade e encorajar a rejeição de pensamentos exagerados ou imprecisos, para uma discussão sobre o uso da terapia cognitiva também no tratamento da depressão que, segundo novos estudos, está sendo considerada uma das mais indicadas para esse tipo de transtorno.
Ainda referente à Terapia Cognitivo Comportamental, destacam-se:
-Preocupação Geral e Tipos Específicos:
  1. Problemas imediatos que estão ancorados na realidade e são modificáveis (conflitos interpessoais). Estado de ânimo voltado para o futuro no qual se está disposto ou preparado para tentar enfrentar os acontecimentos negativos. A apreensão ansiosa associa-se a um estado de elevado afeto negativo e super excitação crônica, uma sensação de incontrolabilidade e um centrar a atenção sobre estímulos relativos à ameaça pessoal;
  2. Hábitos pessoais, vestir-se de modo apropriado para situações específicas e atribulações diárias;
  3. Problemas imediatos que estão ancorados na realidade, mas que não são modificáveis (preocupações sobre doença, pobreza, guerras, violência);
  4. Acontecimentos muito improváveis que não se baseiam na realidade e que por tanto, não são modificáveis (cair na ruína, ficar gravemente doente).
- Esquemas de Tratamento:
  1. Apresentação do tratamento;
  2. Análise comportamental e treinamento em perceber;
  3. Intervenções específicas sobre a preocupação;
  4. Reavaliação da valoração da preocupação.
- Análise comportamental e treinamento em perceber:
  • Aumentar a consciência do paciente.
  • Discriminação dos tipos de preocupações.
- Intervenções específicas sobre a preocupação:
  • Treinamento em solução de problemas adaptado;
  • Orientação em relação ao problema;
  • Habilidades de solução de problemas;
  • Exposição funcional cognitiva.
- Treinamento em solução de problemas adaptado (TSP):
  • Aplicam-se as preocupações com problemas que se baseiam na realidade:
    • Problemas modificáveis – centrar no problema;
    • Problemas não modificáveis – centrar na emoção.
- Orientação em relação ao problema:
  • Enfatizar a importância de reconhecer as reações aos problemas que são contraproducentes e corrigi-las, utilizando técnicas de reavaliação cognitiva;
  • Reações às situações problema = expressões de intolerância ante a incerteza;
  • Envolve as reações cognitivas, afetivas e comportamentais ante o problema.
- Habilidade de solução de problemas:
  • Definir o problema (objetividade, especificidade e clareza);
  • Geração de soluções alternativas (turbilhão de idéias);
  • Tomada de decisões (avaliar de modo realista as conseqüências de cada solução gerada – estratégias);
  • Aplicar e avaliar a solução.
- Exposição funcional cognitiva
  • Empregada para preocupações referentes a acontecimentos altamente improváveis que não se apóiam na realidade;
  • Utilizar a técnica das setas descendentes, identificando a pior imagem sobre a preocupação;
  • “Se... Fosse verdade, a que levaria?” ou “ O que isso significaria para você?”.
- Reavaliação da valoração da preocupação:
  • Como os pacientes com TAG costumam superestimar as vantagens e subestimar as desvantagens de preocupar-se é necessário examinar e reavaliar sua avaliação da utilidade da preocupação;
  • Utilizar técnicas cognitivas para corrigir crenças errôneas sobre as vantagens e desvantagens de cada preocupação específica.

Fonte: https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/o-transtorno-de-ansiedade-generalizada © Psicologado.com